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Vôo solitário,
Como solitária é a noite.
Cruzo miríades de estrelas,
Mas não me encontro em nenhuma.






 
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Não sei se acredito em alma.

Acredito sim em algo dentro de nós, algo que nos define. Algo que fala sobre o tipo de pessoa que somos, em que cremos, o que desejamos. Que diz do que iremos rir ou chorar, se gostamos disso ou daquilo... Acho que posso chamar esse algo de essência.

Acho uma grande bobagem se dizer que nossa essência não muda. Acho que ela muda a cada segundo, a cada respiração, a cada suspense que se sente nas pontas dos pés de uma bailarina. Mudamos por não sermos de pedra, por sermos a Essência, e não a carne em que esta se permeia.

Quem sabe nascemos com uma essência única, cada um de nós formados por um conjunto de virtudes e defeitos únicos, que a vida corrompe aos poucos. O velho jargão "a vida é feita de escolhas", nesse caso, dirá respeito a como lidamos com o que temos dentro de nós, de que nos poupamos, o que jogamos fora. E cada pessoa será essencialmente linda ao nascer, uma alma (essência?) pura como neve, fresca como a gota de orvalho num copo de lírio...

Mas o tempo passa. E não há ninguém que cuide por nós do que temos, somos apenas nós e nossas vontades, desejos, nossas pequenas mediocridades. E de repente, se não cuidamos, nos separamos de nossa própria essência, procurando em vão e em qualquer lugar o que sempre esteve dentro de nós.

E é então que o mudar se aproxima do destruir, e a essência se desprende da carne, lentamente se enrijece em pedra...

Isso é um apelo.

Isso é um último protesto contra a morte de uma alma.

Isso é uma prece pelo que resta do ser, para que este não se perca para sempre em meio a tantos abismos, tantas muralhas, tantos infinitos desertos...

E deixo para o fim o que deve ser o texto mais profundo do bom e velho Renato Russo...

Às vezes, parecia que de tanto acreditar em tudo o que achávamos tão certo, teríamos o mundo inteiro, e até um pouco mais: faríamos floresta do deserto e diamantes de pedaços de vidro.
Mas percebo, agora, que o teu sorriso vem diferente, quase parecendo te ferir...
Não queria te ver assim -
Quero a tua força como era antes!
O que tens é só teu, e de nada vale fugir e não sentir mais nada.
Às vezes, parecia que era só improvisar, e o mundo então seria um livro aberto - até chegar o dia em que tentamos ter demais, vendendo fácil o que não tinha preço...
Eu sei, é tudo sem sentido...
"Quero ter alguém com quem conversar, alguém que depois não use o que eu disse contra mim..."
Nada mais vai me ferir - é que eu já me acostumei com a estrada errada que segui, e com a minha própria lei.
Tenho o que ficou, e tenho sorte até demais - como sei que tens também...

23 Mar, 2010 - thomas



And then, there are those days when you just feel alone...

25 Feb, 2010 - thomas



São poucas as pessoas que conhecemos que nos marcam pelo resto da vida. Não é sequer necessário conviver diariamente com esse alguém - é a pessoa, não o tempo, que faz a diferença.

Lembro até hoje do primeiro dia em que te vi, canteiro de obras, estressada com alguma tarefa de ferraria que nos era proposta. Conversa agradável, olhos verdes que transbordavam inteligência e grandes doses de ironia/sarcasmo/bom humor. E ficaram longas, aquelas inesquecíveis tardes nos fundos do clube de xadrez.

As inseguranças. Os conflitos. Os temores. Estavam todos ali, dissecados por dois jovens mergulhados nas aflições de mal ter 17 anos. Choramos junto, eu não sabia o que queria ser, você queria morrer antes dos trinta. Viramos melhores amigos, irmãos, confidentes. Brigamos. Nos perdoamos. Nos afastamos, nos reencontramos. Foram 3 anos assim, um tipo de amar que me era novo, e que se tornou essencial.

Você fazia questão de ser imprevisível. Sumia. Reaparecia. Um dia me deixava uma carta, que eu só sabia ser sua porque você sempre dobrava o papel do mesmo jeito. Quantas vezes me vi muito perto de ti, quase te alcançando... para te perder no momento seguinte, até porque senão não seria você! Gostar de ti era gostar do vento...

Sempre te quis como amiga. Às vezes como mulher, mesmo nunca te tendo...

Um dia nos beijamos - você querendo uma loucura de um dia, eu perdido num absurdo de outro relacionamento. Foi a pior conversa que já tivemos, uma em que não se disse nada que importasse, nada que tocasse a alma do outro; éramos dois estranhos, sentados num bar e procurando uma desculpa para algo que nunca aconteceu. Me soava incesto...

E o tempo passou, cavou seu abismo entre nós. Te vi a séculos de mim, cada um no seu canto, com sua vida. Você não morreu antes dos trinta, e eu - bem, até hoje não sei bem o que sou! - mas sei o que quero. Você casou algumas vezes, eu tive os meus momentos.

E o que nos resta? Resta uma amizade estranha, baseada num laço de sangue imaginário que não seria mais forte se fato. Um amar profundamente, como amar uma filha, uma irmã. E a saudade, imensa, daquelas tardes atrás do clube de xadrez...

07 Feb, 2010 - thomas



Eu era um menino bobo. Você, uma rosa que brotava na quarta fileira do meu primeiro ano.

Eu era tímido, você, linda. Você me dava bola, eu paralisava.

Talvez eu, instintivamente, já visse a mulher que um dia você seria; naquele momento, você era a menina quietinha, estudiosa, sempre próxima da melhor amiga. Eu, ingênuo, sabia que gostava de ti, mas não como te dizer. Seria capaz de fazer qualquer coisa por ti, mas era tolo demais para perceber que talvez você também fizesse tudo por mim...

Você não entrou na banda, mas comprou uma lira. Você me chamou para o seu baile de 15 anos, e eu, tolo, desajeitado, dancei contigo a valsa do namorado que não era, mas queria ser. Passava os intervalos comigo, nós falando de tudo, menos do que eu mais queria...

E você finalmente cansou de esperar.

Foi na volta das férias que me vi perdendo o que nunca tive. E foram anos, anos até te encontrar de novo, já mulher, já resolvida...

O tempo te foi amigo: teu amadurecer apenas te deu mais viço, para a felicidade de quem hoje mora em teu coração.

E no meu ficou um carinho, onde guardo a lembrança dos dias que não tivemos...

07 Feb, 2010 - thomas